quinta-feira, 6 de março de 2014

Luto no processo de envelhecimento


Luto no processo de envelhecimento: é possível superar as perdas?
Postado por:  ABG - Associação Brasileira de Gerontologia.

Estamos sujeitos a enfrentar diversas perdas durante a vida: o fim das relações de trabalho em decorrência da aposentadoria; a diminuição da acuidade visual e auditiva; a morte de amigos e companheiros. Essas situações podem desencadear o processo de luto que foi dividido em quatro fases pelo estudioso John Bowlby:
1) Fase de entorpecimento – dura de algumas horas a uma semana, onde os sentimentos predominantes são: a raiva, a tensão e a apreensão.
2) Fase de anseio e busca pela figura perdida- a pessoa começa a vivenciar a realidade da perda. São frequentes o desânimo intenso, aflição e choros, ao mesmo tempo podem surgir inquietação, explosões de raiva, insônia.
3) Fase de desorganização e desespero – nessa etapa a pessoa tenta se ajustar à perda.
4) Fase de maior ou menor grau de reorganização- se houver elaboração positiva do luto inicia-se a aceitação de que a perda é permanente e que é o momento de reconstruir a vida.
Entretanto, a sequência, duração e enfrentamento dessas fases podem variar para cada indivíduo. Por exemplo, uma mulher que acaba de receber a notícia de que seu marido faleceu vivencia diretamente a fase de anseio e busca pela figura perdida (segunda etapa) ao invés de enfrentar a fase de entorpecimento que é elencada como a primeira etapa.
Sensações físicas, muitas vezes, sentidas após a perda
 Vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, sensação de despersonalização, falta de ar (respiração curta), fraqueza muscular, falta de energia e boca seca.
Comportamentos que podem ser comuns após a perda
 Distúrbios de sono, distúrbios do apetite, comportamento aéreo, isolamento social, sonhos com a pessoa que morreu, evitar lembranças do falecido, procurar e chamar pela pessoa, suspiros, hiperatividade, choro, visitar lugares e carregar objetos que lembrem o falecido.
Quanto tempo dura o luto?
 Após a morte de alguém que prezamos, muitas vezes, nos perguntamos quanto tempo esse período de luto irá durar. Não existe uma resposta conclusiva e é impossível definir uma data precisa para o processo de luto, mas quando perdemos uma pessoa próxima é improvável levar menos de um ano e para muitos casos dois anos ou até mais. Além disso, a cada estação, feriado, datas comemorativas, como o aniversário da pessoa que faleceu, há o reaparecimento do sentimento de perda. A duração também depende de alguns fatores:
- Qualidade da relação – se havia um companheirismo, cumplicidade e convivência muito grande com a pessoa que faleceu pode ser que demore mais se compararmos a outra com quem nossa relação não era tão estreita.
- Maneira como ocorreu a morte – existem mortes repentinas, como acidentes de carro, assassinatos, e outras, como o câncer em estágio terminal em que a morte é anunciada.
O que pode ajudar a superar o luto?
 O sentimento de perda traz consigo muito sofrimento, por isso é muito importante procurar ajuda para enfrentar esse período e evitar o luto complicado. Seguem alguns recursos que podem auxiliar na superação do luto:
- Rede de suporte social – no período de luto é importante o apoio de pessoas com quem o enlutado possa partilhar o sofrimento.
 - Descobrir novos potenciais e reencontrar o sentido na vida.
- Núcleos de convivência e Universidades Abertas para a Terceira Idade – a participação nesses tipos de serviços voltados aos idosos contribui para um maior contato com outras pessoas e melhora do bem-estar psicológico.
- Psicoterapia de luto – possibilita alívio do sofrimento; adaptação à nova situação; elevação ou auto regulação da autoestima; consideração de projetos para o futuro.
- Grupos de apoio para enlutados- o objetivo desses grupos é oferecer apoio e facilitar a elaboração do luto.
 - Religiosidade ou desenvolvimento da Espiritualidade.
“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.” Pablo Picasso.
Texto por Milena Yuri Suzuki – Gerontóloga pela USP e diretora de Suporte à Profissão da Associação Brasileira de Gerontologia.

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